Criança queimada viva no Maranhão
Um representante dos indígenas
Guajajara afirma que madeireiros mataram uma menina da etnia Awá-Gwajá,
ateando fogo nela, numa área de mata, em Arame, no Maranhão, na semana
passada. A região vem registrando uma série de agressões a índios nos
últimos meses.
Os Awá-Gwajá mantêm-se isolados, sem
contato com outras tribos ou com os não-indígenas. A Fundação Nacional
do Índio (Funai) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) ainda
buscam mais informações sobre o assassinato.
Outro indígena, que também se
identificou como pertencente à etnia Guajajara, em conversa com Terra
Magazine, confirmou o homicídio:
- Dia 30, por aí assim. Foi dentro do
mato. Os madeireiros estavam comprando madeira na mão dos índios
(Guajajara) e acharam uma menininha Gwajá. E queimaram a criança. Só de
maldade mesmo. Ela é de outra tribo, eles vivem dentro do mato, não têm
contato com os brancos, são brabos.
Ele admitiu que sua etnia Guajajara
descumpriu a lei ao negociar madeira, mas se queixou da invasão naquele
território. Reclamando de “muita discriminação” e violência contra
indígenas, atestou:
- Quase todo dia em Arame. Os brancos
ficam batendo nos índios lá. Não acontece nada, ninguém resolve nada. A
gente não sabe nem contar mais porque são muitos casos. Eles (da Funai)
sabem. A gente informa e…
Sobre providências tomadas pela Funai,
ele respondeu com desânimo: “Hum, pior”. E incluiu a polícia: “Eles não
resolvem nada”. Recentemente, houve protestos de indígenas na região.
- O último caso que aconteceu foi que
bateram num índio, na praça pública de Arame. Espancaram demais. Não se
sabe com quem fala quando acontece isso. A polícia não resolve, né? Nem
os casos deles (não-indígenas). Não tem quem socorra, para a gente
falar depois quando acontece assassinato de índio. Fica por isso mesmo
– lamentou o Guajajara.
Registros oficiais
Um funcionário da Funai que prefere o
anonimato disse que a entidade enfrenta dificuldades por ter sofrido um
processo de intervenção e interrompido suas atividades. Informa também
que os dados de 2011 sobre agressões contra indígenas ainda não estão
prontos. Porém, ratifica: “São muitos casos que acontecem durante o ano”
Relatório do Cimi aponta 452
assassinatos de indígenas no Brasil entre 2003 e 2010. Em 2007, foram
noticiadas 92 homicídios. Em cada um dos três anos seguintes, foram 60.
As estatísticas do ano passado devem ser divulgadas em março.
CIMI confirma assassinato de criança
O Conselho Indigenista Missionário
(CIMI) confirmou a informação que uma criança da etnia Awá-Gwajá, de
aproximadamente 8 anos, foi assassinada e queimada por madeireiros na
terra indígena Araribóia, no município de Arame, distante 476 km de São
Luis. A denúncia foi feita pelo Vias de Fato e foi postada logo após
receber um telefonema de um índio Guajajara denunciando o caso.
De acordo com Gilderlan Rodrigues da
Silva, um dos representantes do CIMI no Maranhão, um índio Guajajara
filmou o corpo da criança carbonizado. “Os Awá-Gwajás são muito
isolados, e madeireiros invasores montaram acampamento na Aldeia
Tatizal, onde estavam instalados os Awá. Estamos atrás desse vídeo,
ainda não fizemos a denúncia porque precisamos das provas em mãos”
disse Gilderlan.
Violência contra indígenas é fato
recorrente no Maranhão. No dia 26 de setembro de 2011, conforme
denunciamos aqui nesse site, uma senhora indígena do Povo Canela,
Ramkokamekrá Conceição Krion Canela, de 51 anos foi encontrada morta a
pauladas. A atrocidade aconteceu no Povoado Escondido, interior de
Barra do Corda. No mês de outubro, uma índia de 22 anos, deficiente
mental, da terra indígena Krikati foi violentada sexualmente por um
homem identificado como Francildo. Segundo Belair de Sousa, coordenador
técnico da terra indígena, o indivíduo chegou na aldeia Campo Grande
armado. O CIMI Nacional informou que vai emitir nota pedindo apuração
do caso do assassinato da criança Awá. (Vias de Fato)
Fonte: http://www.jornalpequeno.com.br/blog/johncutrim/?p=25532